O conteúdo de hoje falaremos sobre a aplasia eritrocitária pura adquirida (AEP), uma das anemias que afetam em maior evidência cadelas mais velhas ou de meia-idade. Entretanto, falaremos sobre o caso analisado em um cão macho, sem raça definida. E qual foi a resposta obtida através da terapia imunossupressora aplicada.
Qual a diferença entre a Aplasia Eritrocitária Pura Adquirida (AEP) e Anemia Imunomediada Não-regenerativa?
A AEP é definida como uma redução da massa eritrocitária, enquanto a Anemia Imunomediada não-regenerativa resulta da diminuição da produção eritrocitária. A aplasia eritrocitária pura (AEP) representa 5% dos casos de anemia não regenerativa e é mais prevalente em cadelas castradas de meia-idade a mais velhas.
A AEP é tipicamente caracterizada por anemia normocítica e normocrômica com reticulocitopenia e falta de precursores eritroide da medula óssea.
A aplasia pode ser primária (imunomediada) ou secundária desencadeando neoplasias, infecções, toxinas ou doenças sistêmicas, como lúpus eritematoso sistêmico ou diabetes mellitus.
Qual foi o objeto do estudo?
A AEP primária é uma anemia não regenerativa imunomediada rara que é encontrada, com maior frequência, em cadelas castradas de meia-idade a mais velhas. Não foi descrita anteriormente em um filhote macho intacto.
Este estudo baseou-se em um cão macho, sem raça definida, de 4 meses de idade, 31 kg. O caso ocorreu na montanha Bernese.
Quais sintomas o cão apresentou?
O cão foi apresentado para o veterinário da família devido o histórico de letargia de 5 dias, história de falta de apetite de 3 dias, intolerância ao exercício e membranas mucosas pálidas. Não foram observados eventos de melena ou sangramento. Também não houve exposição significativa a substâncias potencialmente nocivas e nenhum outro histórico médico pertinente.
Quais procedimentos para diagnósticos iniciais da AEP foram realizados?
- Uma avaliação abdominal focada usando ultrassonografia para trauma (AFAST) foi negativa para fluido livre;
- O exame bioquímico estava dentro dos limites normais.
Resultados da contagem completa de células de sangue:
- Hematócrito severamente diminuído de 0,118 L/L [intervalo de referência (IR): 0,38 a 0,57 L/L], contagem de eritrócitos de 2,02 × 1012 /L (RI: 5,65 a 8,87 × 1012/L).
- Hemoglobina de 39 g/L (RI: 131 a 205 g/L), com uma proteína total de 54 g/L (RI: 48 a 72 g/L) ).
- O volume corpuscular médio (MCV) foi reduzido em 58,4 fL (RI: 61,1 a 73,5 fL).
- Hemoglobina corpuscular média (MCH) foi diminuída em 19,3 pg (RI: 21,2 a 25,9 pg).
- Concentração média de hemoglobina corpuscular (MCHC) foi dentro dos limites normais em 331 g/L (RI: 320 a 379 g/L).
- A contagem de reticulócitos estava abaixo dos limites normais em 0,0067 × 1012/L (RI: 0,01 a 0,11 × 1012/L).
- Contagem de linfócitos (6,19 × 109/L; RI: 1,1 a 5,0 × 109/L).
- Contagem de basófilos (0,16 × 109/L; RI: 0,0 a 0,1 × 109/L).
Qual foi o diagnóstico?
Foi determinado que o cão tinha uma anemia microcítica normocrômica não regenerativa acentuada e recebeu alta, administrando por 5 dias os medicamentos fenbendazol oral e sucralfato. Uma transfusão de sangue foi recomendada.
Tratamento aplicado
Após o início do tratamento com Prednisona, o paciente apresentou um quadro anêmico contínuo. O hemograma apresentado pelo laboratório foi de:
- Hematócrito de 0,16 L/L, contagem de eritrócitos de 2,3 × 1012/L (RI: 5,4 a 8,7 × 1012/L).
- Hemoglobina de 49 g/L (RI: 134 a 207 g/L).
- Contagem de reticulócitos inadequada (< 0,110 × 1012/L), mas melhorada de 0,0874 × 1012/L.
- Proteína total de 66 g/L (RI: 55 a 75 g/L).
Quatorze dias depois, o cão apresentava hematócrito de 0,37 L/L, marginalmente abaixo do intervalo de referência de 0,38 a 0,57 L/L, com contagem de eritrócitos de 4,7 × 1012/L, hemoglobina de 112 g/L e proteína total de 65 g/L. Posteriormente determinado em remissão, e sua resposta ao tratamento foi consistente com um distúrbio imunomediada.
Permaneceu em suplementação oral de cobalamina e folato por 4 meses após a apresentação inicial de anemia, momento em que sua deficiência de B12 foi resolvida e a prednisona foi continuada. Quatro meses após o início do tratamento imunossupressor, o hematócrito do cão permaneceu estável dentro dos limites normais, portanto, a terapia com prednisona foi reduzida e depois descontinuada ao longo de 8 semanas.
Por fim, não apresentou recidiva de anemia após repetidos testes de hemograma. O acompanhamento a longo prazo não está disponível, pois este cão veio a óbito por causa não relacionada, 4 meses após a descontinuação da terapia imunossupressora.
O conteúdo foi baseado no artigo publicado pelo Hospital de Emergência Veterinário no Mississauga-Oakville, Canadá. O artigo original e na íntegra pode ser acessado na página.