A partir do estudo publicado pelo Grupo LeishVet acerca do manejo da Leishmaniose canina, este artigo se trata de um breve resumo traduzido para abordar os principais pontos deste estudo.
Devido a alta complexidade dessa infecção zoonótica e de ampla manifestação clínica, o manejo da leishmaniose canina é desafiador. As recomendações foram construídas combinando uma revisão abrangente de estudos baseados em evidências, ampla experiência clínica e discussões críticas de opinião consensual. As diretrizes apresentadas aqui em uma versão curta com exibição gráfica de tópicos sugerem abordagens padronizadas e racionais para o diagnóstico, tratamento, acompanhamento, controle e prevenção da leishmaniose canina.
Um sistema de estadiamento que divide a doença em quatro estágios visa auxiliar o clínico na determinação da terapia adequada, previsão do prognóstico e implementação das etapas de acompanhamento necessárias para o manejo do paciente com leishmaniose.
Leishmaniose canina
A leishmaniose canina deriva do Leishmania infantum é uma espécie de protozoário potencialmente fatal para humanos e cães. A leishmaniose é uma doença endêmica que atinge mais de 70 países no mundo, tais como: regiões do sul da Europa, África, Ásia, América do Sul e Central e tem sido relatada também nos Estados Unidos da América (EUA). É também uma preocupação importante em países não-endêmicos, onde cães importados doentes ou infectados tornam-se um problema veterinário e de saúde pública.
Como é o ciclo de vida e a transmissão da Leishmaniose canina?
Leishmania completa seu ciclo de vida em dois hospedeiros, transmitido na forma a forma promastigota, que é flagelada e extracelular, e em um mamífero, onde a forma amastigota intracelular se desenvolve e se replica (Figura 1). Os insetos flebotomíneos são os únicos artrópodes adaptados para a transmissão biológica da Leishmaniose. A proporção relativamente baixa de flebotomíneos abrigando Leishmania infantum (0,5 – 3%) é suficiente para manter a infecção em áreas endêmicas. Modos de transmissão além dos flebotomíneos também foram descritos, mas seu papel na história natural e epidemiologia da Leishmaniose permanece incerto (Figura 1).
Outros modos de transmissão foram comprovados e incluem:
- Transfusão de sangue de doadores de sangue que são portadores de infecção;
- Transmissão vertical;
- Transmissão venérea.
A seleção adequada de doadores de sangue canino é de grande importância para a prevenção da infecção por Leishmania infantum e as recomendações sobre a seleção de doadores estão resumidas graficamente na Figura 2.
Além disso, os modos de transmissão suspeitos, mas não comprovados, incluem:
1) transmissão direta de cão para cão através de mordidas ou feridas;
2) transmissão por outros artrópodes hematófagos como carrapatos e pulgas.
A Leishmania infantum frequentemente segue um padrão insidioso e crônico de infecção. Portanto, a Leishmaniose é uma doença na qual a infecção não é igual à doença clínica, resultando em uma alta prevalência de infecção subclínica.
A infecção em cães pode ser subclínica, como uma doença autolimitada ou uma doença grave (que pode ser fatal). A infecção subclínica não é necessariamente permanente e fatores como imunossupressão ou doenças concomitantes podem quebrar o equilíbrio e levar à progressão da doença clínica em cães.
Fatores para o desenvolvimento da Leishmaniose
Vários fatores predisponentes para o desenvolvimento da doença têm sido citados, incluindo raça, idade e antecedentes genéticos. Algumas raças de cães como Boxer, Cocker Spaniel, Rottweiler e Pastor Alemão parecem ser mais suscetíveis ao desenvolvimento da doença, enquanto outras como o Ibizian Hound raramente desenvolvem sinais clínicos de Leishmaniose. O gene Slc11c1 (Solute carrier family 11 member a1), anteriormente denominado N-RAMPI, e certos alelos dos genes MHC II foram associados à suscetibilidade a doença. A idade parece ser um fator importante. A distribuição da doença é bimodal, com maior prevalência relatada em cães menores de 3 anos e maiores de 8 anos.
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